sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Tempo

O famoso pintor do século XVII da dinastia Ming, Chou Yung, conta uma história que mudou o seu comportamento para sempre. Numa tarde de inverno ele foi visitar uma cidade que ficava do outro lado do rio. Levava alguns livros e documentos importantes e tinha contratado um menino para ajudá-lo. Quando a balsa estava se aproximando da outra margem do rio, Chou Yung perguntou ao barqueiro se teriam tempo de chegar à cidade antes que os portões se fechassem, visto que estavam a um quilometro e meio de distância e anoitecia. O barqueiro olhou para o menino, e para o pacote mal amarrado com os livros e documentos – “Sim”, ele respondeu, “se não se apressarem.”
Mas quando eles começaram a caminhar, o sol já estava se pondo. Temendo ficar presos do lado de for a da cidade, à mercê dos bandidos da região, Chou e o menino apertaram o passo, disparando finalmente numa corrida. De repente, o barbante que segurava os documentos se rompeu e os papéis se espalharam pelo chão. Os dois levaram alguns minutos para refazer o pacote e quando chegaram aos portões da cidade já era tarde.
Quando você se apressa por medo ou impaciência, cria uma série de problemas que exigem conserto, e acaba levando muito mais tempo do que se tivesse ido com calma. Os apressados podem ocasionalmente chegar mais rápido, mas os papéis se espalham voando por todos os cantos, novos perigos surgem, elês se vêem em constantes crises, consertando problemas criados por eles mesmos. Às vezes, não agir diante do perigo é a melhor coisa a fazer - você espera, deliberadamente se acalma. Com o passar do tempo, acabam se apresentando oportunidades que você nem imaginou serem possíveis.

(do livro: “As 48 leis do poder” – Robert Greene / Joost Elffers)

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