segunda-feira, 22 de junho de 2020

A FLOR E A ESTRELA - CONTRIBUIÇÃO DE LUCIANA T. CARDOSO

Pouco importa a ansiedade do jardineiro.
No seu castelo verde,
Ela se prepara com esmero
Para surgir formosa,
vaidosa mulher.
Até que,
numa bela manhã de sol,
Silenciosa e ocultamente,
A prisão se abre e ela aparece.
-Só Deus a teria feito!
- Exclama o jardineiro,
E toda a natureza o aprova.
A nova habitante do jardim
Traz consigo a beleza do céu,
que é sempre nova.
Mas, à noite,
olhando o céu,
Suspira a caprichosa:
- Ah!
Se eu fosse uma estrela!
Por que nasci somente uma rosa?
E, enquanto se lamenta,
a noite passa,
O sol aparece...
a flor fenece.

Ainda são verdes o caule e as folhas.
Mas, da grande aparição,
nada mais resta
Que pétalas sem cor,
Um perfume perdido no ar,
Uma saudade que fica.

E assim a flor se vai,
Sem entender que as duas são belas:
Uma é luz,
outra, perfume;
Uma é frescor,
outra, lume;
As duas,
obras de Deus.
Uma é a estrela da terra,
Outra é a rosa do céu.

Menina-moça entende teu papel
Quase mulher,
botão a entreabrir-se,
Ao ver-te de pé na encruzilhada,
Olhos muito abertos para a estrada
Onde se conjuga o verbo decidir,
Que escolhas bem o teu caminho.
A mocidade é flor,
dura um instante
O que fizeres será como a estrela:
Um brilho eterno,
mesmo que distante.

Escolhas bem, menina-moça:
Flor na terra,
estrela no céu.
A flor enquanto vive dá perfume;
A estrela eternamente é lume.
Que a tua mocidade perfume o mundo.

Myrtes Mathias



Nenhum comentário:

Postar um comentário